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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Minuano abre espaço entre os gigantes mundiais de limpeza

Unhas afiadas para brigar, bom senso para manter a rentabilidade do negócio e paciência para conseguir expandir a participação de mercado. É dessa forma que a Flora, nascida do grupo JBS-Friboi, decidiu, há 22 anos, aproveitar o sebo - obtido em abates - dentro de uma empresa própria. Nessa época, José Batista Sobrinho, cujas iniciais batizaram a empresa, não imaginava que sua Flora poderia chegar muito longe. Hoje, ela vende, mensalmente, mais de 20 milhões de frascos de detergente e outros 20 milhões de unidades de sabonetes. Longe do sebo, agora a indústria produz quimicamente. De 1986 até 1995, a fabricação de sabonetes era simplesmente vista como uma forma de reaproveitar o sebo obtido no dia-a-dia do frigorífico. Sabão era tratado como couro. Apenas na metade da década de 90 que o potencial do negócio foi percebido. Mas foi somente no ano de 2000 - quando a empresa já tinha 10% de participação do mercado brasileiro de sabão em pedra - que a Flora recebeu seu primeiro grande investimento. Nesta época foram lançados novos produtos da marca de limpeza Minuano e também uma linha de sabonetes, que deu origem à marca da linha de higiene Albany. À frente dessas duas marcas há dois anos está José Augusto de Carvalho, que veio de organizações como a Shell e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). "O negócio começou a encorpar quando a demanda aumentou e a empresa percebeu que aquele negócio não era mais um frigorífico", explica o diretor da Flora. O segundo grande investimento aconteceu cinco anos depois, quando a demanda por novos produtos das marcas Minuano e Albany foi verificada. As vendas deslancharam e hoje a Flora já detém 15% do mercado de sabão de pedra e de detergentes. "Ainda temos muito espaço para crescer", afirma Carvalho. A expectativa é de que a empresa cresça 25% em 2008, bem acima dos 8% estimados para a indústria de produtos de limpeza no Brasil. Concorrência A briga torna-se muito acirrada quando uma empresa nacional tem de lidar com a concorrência de dois megagrupos estrangeiros, como a Unilever, cujo faturamento mundial em 2007 foi de US$ 60,4 bilhões, e a Procter&Gamble, que faturou US$ 76,5 bilhões mundialmente. "Nós somos mais apontados para disputar com as grandes empresas, e não com as pequenas", afirma José Augusto de Carvalho. Segundo ele, um fator importante para manter a competitividade frente aos grandes é a agilidade. O executivo lembra que as empresas brasileiras tiraram as multinacionais de cena no segmento de detergentes. Neste setor, a Minuano configura em terceiro lugar, atrás do Limpol, da Bombril e da líder Ypê, da Química Amparo, dona de 43% do mercado de detergentes. A briga é intensa em um setor que irá faturar cerca de R$ 11 bilhões em 2008, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins. A principal aposta de expansão está no sabão em pó Minuano. A Flora participa desse segmento desde 2007, quando adquiriu pequena fábrica em Goiás - estado onde estão as suas duas unidades industriais. "Temos muitas oportunidades de crescimento na cesta de limpeza, principalmente na de sabão em pó, que é a maior da área de limpeza", afirma o diretor-executivo da Flora. Para ele, o fato de a Minuano ser a marca de todos os produtos da área de limpeza da empresa, ajuda na comunicação: " um item faz a propaganda de outro". O lado negativo é que há uma certa elasticidade para a gama de produtos que podem ser oferecidos com a mesma marca. "Mas ainda não chegamos nesse ponto", diz. Propostas de compra já apareceram, mas a empresa, que detém o nome da mãe dos irmãos, filhos de José Batista Sobrinho, que hoje chefiam o Grupo JBS-Friboi, não está à venda. Carvalho costuma comparar os negócios desse segmento, cuja visibilidade nos pontos-de-venda é fundamental para o sucesso dos produtos, com um jogo de pólo, que praticou quando mais jovem. Sobre a piscina tudo parece estar bem, um jogo normal. Embaixo d'água, uma verdadeira guerra entre os jogadores, que deixam as unhas dos pés cresceram para as cortarem de forma afiada para a disputa "corpo a corpo". Uma guerra com trincheiras, que a Flora quer crescer e chegar junto aos primeiros. A redução da pobreza no País, conforme constatou pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ampliou o mercado consumidor brasileiro e agradou muitos empresários com a expansão das vendas. Ótima notícia para a Flora, cujo foco dos negócios está direcionado para a classe C. "Focamos nas pessoas que não ligam tanto para a etiqueta, mas que buscam qualidade", afirma José Augusto de Carvalho, diretor-executivo da Flora. Além disso, por ser uma empresa de médio porte, a Flora não pode investir em um lançamento de um produto da mesma forma que as gigantes do setor. "Ao lançar alguma novidade, precisamos antes consolidar o produto no mercado para pensar em um próximo lançamento", ressalta Carvalho. A Flora também detém outras duas marcas, de apelo mais popular, direcionadas ao público do norte e nordeste do País, a Smuff, de sabão em pó, e a Cass, de sabonetes. "São produtos de guerrilha. Disputamos os consumidores pelo preço", explica o executivo. Porém, para esse público, não faltam ofertas de produtos.
DCI - 11/08/08

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