A indústria de higiene e limpeza Condor, sediada em São Bento do Sul (SC), decidiu fazer uma ampla reflexão sobre os seus negócios. Pela primeira vez desde que foi criada, em 1929, contratou uma consultoria para auxiliá-la de forma crítica e estratégica no seu direcionamento no longo prazo. A escolhida foi a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, instituição de educação corporativa que também presta serviço a empresas na área de gestão. Segundo o novo presidente da empresa, Osmar Mühlbauer, o auxílio da Dom Cabral não foi buscado porque os negócios vão mal, "mas sim porque a empresa quer deixar mais claro aonde quer chegar no futuro", explica ele, que substituiu Ernoe Eger, que ocupava a presidência desde 2003. Mühlbauer, que há 24 anos estava na Condor e ocupava o cargo de diretor administrativo-financeiro, diz que a empresa tem hoje dificuldade de foco porque tem muitas áreas de negócios em operação. Hoje, a Condor atua em seis segmentos diferentes: escovas de dente e fio dental; creme dental e antisséptico bucal; pentes; limpeza (vassouras, esponjas, "mops" e escovas de limpeza); pintura artística (pincéis) e pintura imobiliária. Em diversas áreas, possui concorrentes fortes, como 3M, Colgate e Johnson & Johnson. "Queremos descobrir como manter os seis pratos em movimento, se isso é bom para a empresa ou se precisa ser repensado. São seis negócios que exigem amplos recursos financeiros e humanos", observa. A empresa, segundo Mülbauer, é lucrativa, mas sua rentabilidade encolheu no ano passado em relação a 2006. "Queremos também reverter essa curta", diz ele, que prefere não revelar o valor do lucro. Em 2007, o faturamento foi de R$ 208,5 milhões, um crescimento de 7,15% em relação ao ano anterior. Em 2008, a previsão é faturar R$ 225 milhões, um valor um pouco inferior à meta inicial do orçamento, de R$ 254 milhões. "O custo de vida das famílias foi afetado pela alta de preços dos itens da cesta básica", explica ele, sobre a revisão para baixo da projeção de vendas. "Os bens de consumo não-duráveis estão absorvendo um percentual maior da renda e há muitas vezes um endividamento acima da capacidade do indivíduo." A Condor sofre de forma indireta com a inflação dos alimentos, uma vez que diante de preços mais altos em itens essenciais, geralmente o consumidor opta por adiar a compra de outros bens, como é o caso das escovas de cabelo. Além disso, aumentou a concorrência com os importados. "Os importados apareceram da noite para o dia e os chineses estão muito fortes principalmente em escovas de cabelo. É preciso ganhar participação e, no mínimo, crescer todo ano o mesmo percentual que o mercado para ser competitivo". A intenção para os próximos anos, segundo ele, é crescer mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), o que equivaleria a um aumento real de faturamento acima de 5% ao ano nos próximos quatro anos. Fundada pelo imigrante alemão Augusto Emílio Klimmek, nos últimos anos a Condor investiu justamente na diversificação dos negócios. Entrou no segmento de creme dental com a compra da marca 100% e da indústria Bonamil no Recife, em 2004, e em 2006 lançou esponjas e "mops". A empresa exporta cerca de 10% da sua produção.
Valor Econômico - 11/08/08
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