Três anos depois de iniciar os estudos de viabilidade econômica para a fabricação de seus equipamentos no Brasil, o grupo japonês Canon finalizou os trabalhos e, agora, aguarda a aprovação definitiva da matriz. A conclusão da análise é de que o melhor caminho para a companhia no mercado brasileiro é investir na produção local, seja por meio de uma fábrica própria ou de um parceiro de manufatura. A questão principal é o preço. A projeção é de que se os produtos fossem fabricados no país, o preço médio cairia 45% em relação aos valores atuais. "Só no Brasil não temos um preço competitivo", diz Akihiko Matsumaru, presidente da Canon na América Latina. Segundo o executivo, as câmeras digitais seriam o primeiro produto a entrar na linha de produção da fábrica. As impressoras viriam depois. Tudo isso, porém, depende do sinal verde da matriz. Por enquanto, não há previsão de quando a decisão sairá. Matsumaru já fez inúmeras viagens ao Brasil, com escalas em São Paulo, Manaus e Brasília. "Foram mais de dez", diz o executivo. Outros diretores da Canon também já estiveram no país para avaliar o projeto. "Vamos começar a produção assim que possível. Mas é algo que toma tempo", diz Matsumaru. A fábrica da Canon no Brasil seria a primeira da empresa na América Latina. Até agora, Manaus lidera a lista de prováveis locais para instalar uma fábrica própria, devido aos incentivos fiscais existentes. O projeto de produção local tem ganhado força no grupo por causa da competição de rivais importantes, como Sony e Samsung, que já fabricam alguns de seus modelos no país. Kodak e Olympus são outros casos de competidores que montam máquinas no Brasil. Hoje, todo o catálogo da Canon é importado. Os produtos chegam ao país a preços elevados principalmente por causa do imposto de importação, diz Matsumaru. Enquanto não há uma definição sobre a produção local, o principal foco de investimento da Canon no Brasil é a área de marketing. Neste ano, a previsão do grupo é aplicar R$ 8 milhões no país, um volume 60% superior ao de 2007. No ano passado, diz Matsumaru, as vendas de câmeras digitais da Canon no Brasil aumentaram 25% em relação a 2006. O plano é repetir esse desempenho em 2008. Por causa do preço dos equipamentos, porém, essa taxa de crescimento ainda é menor que a do mercado brasileiro em geral. Segundo a consultora IDC, foram vendidas 4,5 milhões de câmeras em 2007, com um salto de 66% em relação ao ano anterior. A estimativa de crescimento para este ano é de 36%, o equivalente a 6,1 milhões de unidades. "O consumidor brasileiro é extremamente sensível a preço", afirma Christopher Ryan, diretor de marketing da divisão de consumo de imagem da Canon. Hoje, entre 80% e 85% das vendas da companhia na América Latina concentram-se em câmeras que custam entre R$ 599 e R$ 1.099. "No Japão e nos Estados Unidos ocorre exatamente o oposto: 90% das vendas são de câmeras sofisticadas", compara o executivo. Aproximar-se do fotógrafo amador, principalmente daquele que está comprando sua segunda ou terceira câmera, é crucial para o grupo. Para isso, a empresa desenvolveu um projeto específico: instalou quiosques itinerantes em shopping centers de São Paulo nos quais expõe seu catálogo quase completo de câmeras. Lá, o consumidor pode experimentar a máquina. O mercado brasileiro é considerado tão importante - responde por 30% da receita da Canon na América Latina - que o projeto só existe no país. A Canon mantém, no Brasil, um escritório com 260 profissionais, voltados exclusivamente para a linha de copiadoras e equipamentos para escritórios. "A partir do momento em que tivermos uma produção local, teremos uma equipe para os produtos de consumo também", afirma Matsumaru.
Valor Econômico - 14.08.08
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