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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pode haver desabastecimento de peças

A produção nacional de veículos no primeiro semestre de 2008 atingiu a marca histórica de dois milhões de unidades, um crescimento de quase 22% em relação ao mesmo período do ano passado. O ritmo de negócios no setor automotivo se mantém aquecido e, apesar dessa movimentação favorável ao mercado brasileiro, há um fator que deve preocupar a todos.
Os carros fabricados e vendidos, em algum momento, precisam de consertos e, na hora de executar esses reparos, muitos proprietários de veículos recorrem às peças de reposição produzidas pelos fabricantes independentes. O fato é que, há um ano, o setor vem sofrendo com a pressão das grandes montadoras de automóveis, que intensificaram a adoção de medidas judiciais para proibir tanto a fabricação quanto a venda de peças de reposição alternativas, restando como opção apenas os componentes originais comercializados pelas concessionárias e agentes autorizados.
Atualmente, cerca de duas mil indústrias independentes ajudam a abastecer mais de mil distribuidores. Este segmento se dedica à fabricação de lanternas, pára-choques e todo tipo de peça visual destinada ao reparo de veículos, inclusive para aqueles com mais de dez anos e que, em sua grande maioria, não encontram mais artigos de reposição fabricados pelas concessionárias. O mercado independente é responsável pela manutenção de cerca de 90% da frota nacional. Segundo estudo feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape), apenas 13% dos proprietários de carros procuram concessionárias, que cobram mais do que os fabricantes independentes.
Mas o que acontecerá com o setor de reposição de autopeças caso os independentes sejam proibidos de atuar no mercado? As montadoras estão preparadas para atender à demanda de peças de reposição gerada pelo crescimento recorde do mercado de veículos? Ainda que estejam, conseguirão também suprir a demanda de componentes para os veículos mais antigos? E quais serão os riscos dessa monopolização para a frota nacional?
É hora de reavaliar essa ação que pode fazer dos cidadãos reféns das montadoras. Além de pagar os altos preços cobrados pelas concessionárias, aumentando assim seus gastos com reparos dos automóveis, alguns podem ficar com seus carros parados em função do desabastecimento do mercado.
Com o desaparecimento de algumas peças, podem ocorrer cada vez mais furtos e roubos de veículos, o que ocasiona o aumento nos preços dos seguros. Os consumidores devem ficar alertas na hora de adquirir um novo automóvel.
A falta de dinheiro para o reparo com peças originais pode fazer com que os automóveis fiquem inativos e sucateados.
Roberto Monteiro, diretor-executivo da
Anfape, São Paulo
Gian Paolo La Barbera – Gazeta Mercantil – 01/10/08

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