Aquisição da fabricante de Risqué e Biocolor por R$ 366 milhões abre novo canal de vendas 22a da sua história: comprou a tradicional fabricante de cosméticos Niasi, fundada em 1932 em São Paulo, dona dos esmaltes Risqué, da tintura para cabelos Biocolor e da linha de cuidados para cabelos Biorene. O valor negociado foi R$ 366 milhões, dos quais R$ 240 milhões pagos com dinheiro do caixa e R$ 126 milhões em dívidas parceladas da Niasi e assumidas pela Hypermarcas, numa operação conduzida pelo banco Safra. No ano passado, a Niasi faturou R$ 246 milhões e é a líder do mercado de esmaltes, que movimentou R$ 238 milhões em 2007, segundo a Nielsen. Ocupa a terceira posição no mercado de tintura para cabelos, que vendeu R$ 1,25 bilhão. Esta é a quarta aquisição da Hypermarcas este ano, depois do laboratório Farmasa, da Bozzano e da NY Looks — essas duas últimas marcas de higiene e beleza compradas da Revlon e da Brasil Global Cosméticos, respectivamente, em negociações que envolveram outras marcas de menor expressão. Todas as aquisições foram realizadas com o capital levantado durante a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) feita em abril. Os recursos obtidos a partir da abertura de capital atingiram R$ 620 milhões. “Ainda temos mais de R$ 200 milhões para novas investidas”, disse o presidente da Hypermarcas, Cláudio Bergamo, em entrevista ao . Valor Coma Niasi, a Hypermarcas soma 160 marcas e se torna a maior empresa nacional de higiene e beleza no canal auto-serviço (considerando a venda direta, a líder é a Natura). Dona de marcas como Éh!, Monange, Avanço, Rastro e Cenoura & Bronze, a Hypermarcas perde para multinacionais como Unilever (dona de Dove, Seda e Rexona, entre outras) e L’Óreal (que tem Colorama e Garnier no portfólio). “Se fosse computado em 2007 o faturamento das marcas que já compramos, nossa receita seria de R$ 2,1 bilhões”, disse Bergamo. No ano passado, a receita bruta foi de R$ 1,4 bilhão. Segundo Bergamo, desde o nascimento da empresa, em 2002, com a compra da Assolan, até o fim de 2007, foram investidos mais de R$ 2 bilhões em aquisições. Uma das mais significativas foi a da DM Farmacêutica, no ano passado, quando incorporou marcas populares como os medicamentos isentos de prescrição Melhoral, Doril, Engov e Gelol, os cosméticos Monange e o adoçante Zero Cal. A julgar pelas recentes investidas, a empresa está dando ênfase a medicamentos e higiene e beleza, as áreas mais importantes do seu portfólio, que representam respectivamente 38% e 31,3% da receita total. “Tínhamos de dar prioridade a algumas áreas com os recursos conseguidos com o IPO, mas isso não significa que vamos descuidar das demais”, disse Bergamo. A empresa é dona da Etti, comprada da Parmalat em 2006. Mas a área de alimentos é a que menos fatura na companhia, responsável por 13,2% da receita. Parauma fonte do setor alimentício, os atomatados não fazem sentido para a Hypermarcas. “Um negócio como o da Etti, que oferece apenas 3% de margem de lucro, só pode ser colocado à venda”, diz a fonte. Bergamo rebate: “Estamos só comprando, não vamos nos desfazer de nada”, afirmou. Mesmo porque a Hypermarcas tem todas as contas na ponta do lápis. Aquilo que não interessa produzir é terceirizado. Foi assim com a linha Monange, que este ano passou a ser produzida pela Provider, com sede em Louveira (SP) e especializada em produzir cosméticos para concorrentes como Unilever, L’Óreal e Natura. A fábrica da DM Farmacêutica, em Barueri (SP), continua produzindo outros itens. Cerca de 80% do portfólio de higiene e beleza da Hypermarcas, diz Bergamo, é terceirizado. Em medicamentos, limpeza e alimentos a produção continua própria. “Mas sempre analisamos oportunidades para reduzir custos.” No caso da Niasi, a fábrica em Taboão da Serra (SP) também foi comprada. Um dos maiores trunfos da nova aquisição, afirma Bergamo, é a equipe própria e itinerante da marca, formada por 25 promotores que visitam os salões de beleza, um canal onde a Hypermarcas não atuava. “Também há 110 demonstradoras de produtos da Niasi nos pontosde-venda, que poderemos aproveitar para divulgar outros produtos do nosso portfólio.” O comando da Niasi estava prestes a mudar para a terceira geração da família do fundador, Niasi Melhem Abdo — um ex-vendedor de grampos e redes de cabelo que percebeu, na década de 30, a ausência de produtos de beleza em escala industrial para atender os salões. “Mas a atual geração estava mais interessada em obter os dividendos da operação do que investir nela e, enquanto isso, marcas fortes como Biocolor e Biorene seguiam adormecidas”, explicou Bergamo. Abdo foi o primeiro a fundar uma escola de cabeleireiros no Brasil. No auge da companhia, em 1995, a Niasi faturava quase R$ 3 bilhões e empregava 20 mil pessoas.
Valor Econômico - 15/09/08
Nenhum comentário:
Postar um comentário