
A Vivo prepara a estréia de suas operações comerciais em seis Estados do Nordeste para meados de setembro, ou, no mais tardar início de outubro. É a última lacuna que falta para a operadora ter, enfim, cobertura em todo o território nacional. A TIM é, atualmente, a única operadora nessa situação. Mas, em breve, terá as companhias da Claro - que vai inaugurar sua rede no Norte - e da Oi. Esta última, quando absorver a Brasil Telecom e estrear em São Paulo, também chegará a todo o país. A Vivo tem feito segredo sobre a data de sua entrada nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Alagoas. Primeiro, porque quer causar impacto na estréia. Segundo, porque a operadora não descarta alterações. A estratégia é começar a vender somente quando houver segurança suficiente sobre a qualidade do sinal da rede. A avaliação de executivos da companhia é de que uma entrada precipitada num mercado já ocupado por três outros concorrentes poderia ter efeito desastroso, relataram ao Valor fontes a par do assunto. No entanto, as primeiras lojas deverão estar abertas a tempo de acompanhar as vendas do Dia das Crianças. Os shoppings chegaram a anunciar datas anteriores para a inauguração, mas a rede não havia ficado pronta. A operadora tem uma complexa distribuição das faixas de frequência nas quais seus celulares funcionam, o que gera dificuldades adicionais para gerenciar a infra-estrutura. Possivelmente, as operações no Nordeste terão início em paralelo à inauguração da rede de terceira geração (3G) em algumas cidades. A infra-estrutura foi contratada da Ericsson (Suécia) e da Huawei (China). A sede regional da Vivo ficará no Recife, sob o comando do cearense Joaquim Perúcio, que antes era diretor territorial da companhia para o Centro-Oeste. Em Pernambuco, a operadora já contratou cerca de 80 pessoas, segundo o Valor apurou. A agência de publicidade pernambucana RGA foi contratada para cuidar da campanha que antecederá o lançamento. A Vivo chega tarde ao Nordeste e, se não perdeu toda a festa, pode ter deixado de participar do melhor dela. Foi nos Estados nordestinos que as vendas de celulares mais cresceram nos últimos anos, para alegria das operadoras que estavam por lá. Os assinantes nordestinos podem não gerar tanta receita, em comparação com os de alguns Estados mais ricos, mas ajudam as companhias a ganhar escala. A operadora, controlada por Telefónica e Portugal Telecom, só opera hoje na Bahia, em Sergipe e no Maranhão. Para os demais Estados, a Vivo não tinha licença de atuação até setembro de 2007, quando adquiriu autorizações num leilão promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em licitações anteriores, a Vivo adquiriu as frequências necessárias para operar na região. A operadora acabou criando uma dor de cabeça enorme para ela própria. A falta de cobertura no Nordeste e em Minas Gerais (só resolvida com a aquisição da Telemig) não só privou a empresa da possibilidade de conquistar mais clientes, como também agravou os problemas de fraudes e clonagens que corroeram sua imagem alguns anos atrás. Aos poucos, a Vivo tem recuperado clientes e melhorado sua percepção pelo mercado. No Nordeste, a empresa - que é líder em número de assinantes no país - terá de administrar a delicada situação de ser a quarta operadora a entrar na região. A Oi é a maior operadora naqueles Estados, fortemente apoiada na venda de pacotes que combinam telefonia fixa e móvel e internet. Curiosamente, a Vivo começará a atacar o mercado nordestino na mesma época em que a Oi pretende estrear sua operação de telefonia móvel em São Paulo, onde fica a sede da empresa de origem ibérica. Entretanto, a Vivo ainda tem muito a ganhar. Apesar de o crescimento das vendas de celulares no Nordeste estar desacelerando, continua significativo. A teledensidade (número de telefones móveis para cada cem habitantes) é menor nos Estados nordestinos do que no restante do país. No Brasil, esse índice é de 70,55. Em Pernambuco, é de 68,64 e no Piauí, de apenas 39,55. A empresa aposta principalmente em dois fatores para ganhar espaço na região. Um deles é o início da portabilidade numérica, regra que permitirá que os assinantes troquem de operadora sem mudar o número de telefone. O início da vigência desse recurso está previsto para setembro, mas as teles - inclusive a Vivo - defendem o adiamento para janeiro. Outro fator é o potencial de crescimento econômico do Nordeste, o que pode abrir portas para a Vivo também no segmento de clientes empresariais. Somente em Pernambuco, estão em processo de instalação duas siderúrgicas, uma refinaria, um pólo petroquímico, entre outros empreendimentos. No Ceará, foi anunciada ontem a construção de uma refinaria. Isso não significa que a convivência entre as quatro operadoras (Vivo, TIM, Claro e Oi) será tranquila. Num cenário em que o subsídio aos aparelhos fica menos atrativo com a obrigatoriedade de as operadoras desbloquearem os celulares e com todas as empresas passando a atuar em todo o país, os diferenciais agora se darão no preço das tarifas e na qualidade do serviço prestado.
Valor Econômico - 21/08/08
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