A PepsiCo, quarta maior empresa do mundo de bebidas e alimentos, anunciou ontem um plano de investimentos no Brasil de US$ 300 milhões, incluindo pelo menos três novas fábricas no país. A informação foi dada na madrugada de ontem, às 4h30, por Indra Krishnamurthy Nooyi, presidente da multinacional, ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, na base aérea de Brasília. Assim que chegou ao país, a indiana naturalizada americana se encontrou com Lula, que chegava da Argentina e se preparava para embarcar novamente, desta vez para a China. Em seguida, Indra, acompanhada de Dina Dublon, diretora do conselho da companhia, foi a São Paulo, onde se reuniu com cerca de 300 executivos da empresa no Brasil, em um hotel da Zona Sul. "Nunca fomos tão gratos e devotados ao Brasil", disse a presidente, ao elogiar o desempenho da empresa no país. "Por isso estamos investindo novamente no país", afirmou ela à platéia, detalhando que a primeira fábrica será construída em Feira de Santana, na Bahia. "Já temos o terreno e a construção já começa agora. Devemos estar funcionando em 2009", explicou Otto Von Sothen, presidente da divisão de alimentos da PepsiCo no Brasil (dona das marcas Pepsi, Quaker e Elma Chips, Coqueiro, Toddy e Gatorade). Indra disse ontem que a divisão de alimentos da empresa é a que mais deve crescer nos próximos anos mundialmente e o Brasil terá grande participação nessa meta. "Estamos desenvolvendo um salgadinho que tem todos os nutrientes que uma pessoa precisa. Esse 'snack' já está em testes na Índia e na Nigéria. Queremos que o produto seja uma grande arma contra a fome. Por isso nosso foco não são as classes A, B e C. Nosso negócio é com as faixas D e E." A fábrica na Bahia, e também as outras, irão produzir toda a linha de salgadinhos da empresa e ainda outros alimentos. A segunda fábrica será construída no Distrito Industrial de Brasília, e deve entrar em funcionamento em 2010. Já a terceira será erguida no Norte, em um Estado ainda não definido, mas com previsão para entrar em funcionamento entre 2011 e 2012. "Pode haver ainda uma quarta nova unidade, que ainda estamos estudando", disse Von Sothen. "Temos muito a aprender com o Brasil. Foi graças ao mercado brasileiro que alcançamos resultados positivos nesse segundo trimestre do ano", disse Indra se referindo ao lucro líquido mundial de US$ 1,7 bilhão anunciados há 15 dias. "As vendas nos Estados Unidos estão desabando porque a inflação por lá é a mais alta dos últimos 30 anos. Mesmo assim, a alta de preços não é nada perto do que vocês já enfrentaram. A PepsiCo do Brasil tem tudo para ensinar os americanos", afirmou Indra. Vestida com camisa azul clara, terno escuro (que no lugar da calça mostrava uma saia reta até os tornozelos), de cabelos curtos e brincos dourados, Indra, durante o evento, presenteou executivos da empresa em Curitiba, pela recuperação da unidade após um incêndio. No dia 31 de dezembro do ano passado, a fábrica da Elma Chips, pegou fogo. Não houve vítimas. As chamas foram controladas pelos bombeiros depois de oito horas e quase toda a capacidade de produção da planta foi comprometida. "Prevíamos que teríamos pelo menos seis meses sem produção. Mas em 30 dias a fábrica já estava parcialmente produzindo de novo", contou a executiva. Quando umas das homenageadas foi chamada e não compareceu, um dos presentes explicou que a funcionária não pode ir à reunião pois estava grávida. "Isso faz parte da vida de uma executiva e é muito natural", afirmou ela que em seguida perguntou: "O bebê vai ser menino ou menina?" Indra, 52 anos, duas filhas, é presidente da empresa desde 2006. "Ser mãe, mulher não interfere na carreira. Para tudo há seu tempo", disse ela, aplaudida pelos executivos e executivas presentes.
Iogurte é o próximo passo no plano da multinacional
No encontro com executivos da Pepsico em São Paulo ontem, a presidente mundial da empresa, Indra K. Nooyi, revelou que a próxima meta para a companhia mundialmente é entrar no segmento de iogurtes. "Queremos dominar o café da manhã das pessoas", disse ela. Os planos estão previstos para os próximos cinco anos e incluem a aquisição de empresas que já produzem as sobremesas lácteas. O Brasil, disse ela, tem papel importante nessa estratégia uma vez que a sua divisão de alimentos é a operação mais importante do grupo no país. A empresa não divulga as vendas no Brasil, mas o Valor já havia publicado no final de 2007 que eram de R$ 2 bilhões ao ano. Em 2005, o mercado mundial de alimentos agitou-se com a possibilidade da Pepsico comprar a francesa Danone. A reação na França foi dura e a Pepsico desistiu oficialmente da empreitada em julho daquele ano. No Brasil, a empresa tem onze fábricas de alimentos e uma de bebidas, em Manaus (AM). Em outubro do ano passado, a companhia comprou a empresa brasileira de salgadinhos Lucky, por cerca de R$ 150 milhões.
Dona da Coqueiro vai incentivar consumo de peixe
Antes de embarcar para China, onde participará da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se ontem com a presidente mundial da Pepsico, Indra K. Nooyi, na Base Aérea de Brasília. A visita teve como principais temas os planos de expansão no Brasil e o possível acordo de cooperação da empresa com o governo. Indra e Lula conversaram sobre possíveis parcerias a serem firmadas entre o governo federal e a multinacional com sede nos Estados Unidos. Pelo menos duas áreas já foram definidas como alvo da cooperação entre a empresa e o país: proteção ao meio ambiente e incentivo do aumento do consumo de peixes no país, sobretudo nos estados não-litorâneos. Entre suas empresas, a Pepsico é dona da Coqueiro, especializada no comércio de alimentos com base em atum e sardinha. A presidente da Pepsico revelou a Lula que serão construídas mais três fábricas no Brasil. Uma em Suape (PE), outra em Feira de Santana (BA) e a terceira em Brasília, que tem como data de início das obras em 2010. A empreitada baiana deverá custar à empresa US$ 10 milhões. Indra também pretende reformar a fábrica da Elma Chips, em Curitiba, que pegou fogo no ano passado. Em 2007, Indra foi escolhida pela revista norte-americana Forbes a quinta mulher mais influente do mundo. Depois do encontro com Indra, o presidente embarcou para a China, onde fará corpo-a-corpo com as demais autoridades presentes para convencê-los de que o Rio de Janeiro é o melhor candidato à sede das Olimpíadas de 2016. Um dos principais encontros de Lula será com o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, o presidente tentará mostrar que "a cidade do Rio tem todas as condições para sediar as Olimpíadas". Além da capital fluminense, disputam a indicação para sediar os jogos as cidades de Chicago, Tóquio e Madri. (Fonte: Valor Econômico - Empresas & Tecnologia - 06.08.08)
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